Estudo da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) revelou uma redução progressiva na concentração de metais, como alumínio dissolvido, antimônio total, cobre e ferro dissolvidos, no Rio Paraopeba.
O Rio Paraopeba se recupera dos impactos causados pelo rompimento da barragem da Vale em Brumadinho (MG). A tragédia causou a morte de 270 pessoas e liberou 11,7 milhões de metros cúbicos de rejeitos, sendo que parte destes rejeitos terminaram no rio.
O estudo, encomendado pela Vale, analisou amostras colhidas em abril de 2019, maio de 2019, agosto de 2019 e março de 2020.
Em nenhuma das amostras de água coletada, as concentrações dos metais bário total, berílio total, boro total, cádmio total, chumbo total, cobalto total, cromo total, lítio total, níquel total, urânio total e vanádio total não ultrapassaram os limites estabelecidos pela legislação. Já as concentrações de arsênio total, mercúrio total, prata total e selênio total alcançaram parâmetros adequados.
De acordo com o estudo, a suspensão de sedimentos localizados no fundo do rio pode causar aumento da concentração de alguns metais. É o caso, por exemplo, do manganês. Na coleta de março, amostras de 23 pontos estavam acima do limite previsto pela legislação. Nas coletas anteriores, de abril, maio e agosto de 2019, o número de pontos nesta situação foi, respectivamente, 19, 13 e 7.
“No período de seca, realmente temos uma situação de normalidade do rio. No período de chuva, há ressuspensão de materiais depositados não só relacionados ao rejeito, mas também a outros tipos de contribuição externa, como as atividades agropecuária e os resíduos urbanos. O estudo mostra que, após tratamento adequado, é possível alcançar os limites de potabilidade da água prescritos em portaria do Ministério da Saúde e, assim, pode ser utilizada. Mesmo no período chuvoso, é possível deixar essa água própria pra consumo, o que dependeria da eficiência do processo de tratamento”, disse Fabiana Valéria da Fonseca, pesquisadora da Escola de Química da UFRJ que participou do trabalho, à Agência Brasil.