Vou contar para vocês uma história que começou entre nós há 100 anos.
O ritmo do samba veio do outro lado do Atlântico a bordo dos navios negreiros, com gente que foi arrancada de suas casas, de suas tribos, de suas famílias e entre nós se tornaram escravos.
Os negros africanos trouxeram com eles suas comidas, seus hábitos e suas crenças, mas talvez o que mais tenham deixado na cultura de nosso país foi sua música. Os batuques penetraram na alma do Brasil.
Na história – Pelo Telefone – de Donga é o primeiro samba gravado, isso no ano de 1917, mas o ritmo já era conhecido nas rodas religiosas de afro-brasileiros. Começa assim: “O chefe da folia pelo telefone manda me avisar. Que com alegria não se que questione para se brincar.”
Já que a música fala sobre nossas vidas, nossos momentos. Que tal relembrar:
– As rosas não falam, simplesmente exalam o perfume que roubam de ti.
– Quando eu morrer não quero choro nem vela, quero uma fita amarela, gravada com o nome dela.
– Vem ver a vida. Sem você eu não sou ninguém.
-Batuque é um privilégio. Ninguém aprende samba no colégio.
-Tristeza não tem fim. Felicidade sim.
-Aí que saudades da Amélia, aquilo sim que era mulher.
-Teus abraços precisam dos meus. Os meus braços precisam dos teus.
– Se você jurar que me tem amor. Eu posso me regenerar. Mas se é para fingir mulher, a orgia, assim não vou deixar.
-Levanta, sacode a poeira e dá volta por cima.
– Não posso ficar nem mais um minuto com você. Sinto muito amor, más não pode ser. Moro em Jaçanã. Se eu perder esse trem, que sai agora às onze horas, só amanhã de manhã.
-De noite eu rondo a cidade a te procurar, sem encontrar. No meio de olhares espio em todos os bares. Você não está.
– bum, bum, paticumbum, prugurundum.
Obrigado: Donga, Noel Rosa, Ismael Silva, Ataulfo Alves, Mário Lago, Tom Jobim, Adoniran Barbosa, Vinicius de Morais, Bethe Carvalho, Baden Powell, Elza Soares, Aracy de Almeida, Cartola, Paulo Vanzolini, Paulinho da Viola e todos aqueles que deram e dão voz e letra ao samba.
Pelo Telefone (samba, 1917) – Donga e Mauro de Almeida – Interpretação:Almirante:
O chefe da folia pelo telefone manda lhe avisar
Que com alegria não se questione para se brincar
O chefe da polícia pelo telefone manda lhe avisar
Que na Carioca tem uma roleta para se brincar
: – Ai, ai, ai,
– Deixa as mágoas para trás ó rapaz
– Ai, ai, ai,
– Fica triste se é capaz, e verás :
: Tomara que tu apanhes
Pra nunca mais fazer isso
Tirar o amor dos outros
E depois fazer feitiço :
: Ai se a rolinha (Sinhô, sinhô)
Se embaraçou (Sinhô, sinhô)
É que a avezinha (Sinhô, sinhô)
Nunca sambou (Sinhô, sinhô)
Porque este samba (Sinhô, sinhô)
De arrepiar (Sinhô, sinhô)
Põe perna bamba (Sinhô, sinhô)
E faz chorar