Websérie mostra ações para manutenção da biodiversidade e resiliência à mudança climática no litoral do Paraná

Baía de Antonina, Paraná. Foto: Gabriel Marchi

 

 A websérie documental do projeto “Olha o Clima, Litoral!” mostra um pouco da biodiversidade e das belezas naturais do litoral paranaense, e o que o projeto está fazendo para preservá-las.
A faixa litorânea paranaense é a segunda menor no Brasil, com cerca de 100 km de costa, mas é uma das mais relevantes quando o assunto é biodiversidade. É nesse trecho da costa brasileira que estão alguns dos mais importantes estuários – ambientes em que o encontro dos rios com o mar proporciona a concentração de muitos nutrientes e possibilita a formação de manguezais e ecossistemas associados, como os brejos salinos.
“Esses ecossistemas são muito ricos em biodiversidade e importantíssimos para nós, por serem berçários da vida marinha, protetores das áreas costeiras, grandes atenuadores de efeitos da mudança climática e fornecedores de alimento para diversas espécies, incluindo o ser humano”, explica o biólogo e coordenador do projeto, Marcos Bornschein.
Ao longo de seis episódios, a websérie vai acompanhar o processo de restauração ecológica de manguezais e brejos salinos invadidos por capins exóticos na baía de Antonina, bem como a recomposição de flora e da comunidade de aves, com foco no bicudinho-do-brejo – uma espécie de ave que só ocorre em brejos salinos do litoral sul do Brasil e é ameaçada de extinção principalmente pelos impactos da disseminação dos capins exóticos. O bicudinho-do-brejo foi descoberto em 1995 por pesquisadores do Mater Natura – Instituto de Estudos Ambientais, que executa o projeto “Olha o Clima, Litoral!” com apoio da Petrobras, por meio do programa Petrobras Socioambiental.
A série também vai registrar um conjunto de atividades realizadas pelo projeto voltadas à mitigação da mudança climática, como estudos relacionados ao tema, mapeamento de áreas de risco, ações de articulação territorial nos sete municípios do litoral paranaense e atividades direcionadas ao fortalecimento comunitário, educação ambiental e formação de agentes multiplicadores em Antonina (PR).
“Estamos chegando em um momento crucial em que, se não agirmos rapidamente, anularemos a nossa capacidade de reagir, tanto pela perda de espécies e de suas funções nos ambientes, quanto pela fragilização dos ecossistemas como provedores de serviços ecossistêmicos”, alerta Bornschein.
O primeiro episódio já está disponível no YouTube e nas redes sociais do projeto.
Primeiro episódio: o capim invasor
O primeiro episódio da série apresenta um problema sério: a degradação ambiental causada pela invasão das braquiárias-d’água, plantas exóticas africanas que foram trazidas ao Brasil para servirem de pasto para búfalos e bois e que, ao longo dos anos, invadiram centenas de hectares de áreas úmidas no litoral paranaense, especialmente em estuários. O estuário da baía de Antonina é o mais afetado atualmente no Paraná, com 75 ha contaminados biologicamente pelas braquiárias-d’água.
“As braquiárias sufocam as plantas nativas de brejos e manguezais, diminuindo a riqueza de espécies e provocando a perda de ambientes para muitos animais”, explica a pesquisadora responsável pelas ações de restauração e monitoramento do projeto, Larissa Teixeira. A invasão de espécies exóticas é considerada a segunda maior causa de extinção de espécies no mundo, atrás apenas da perda de ambientes causada pela exploração humana direta.
“Realizamos o manejo das braquiárias-d’água com o rastoreio raso mecânico, que é o corte das plantas com roçadeira o mais próximo possível das raízes. A biomassa roçada é empilhada em montes, que são revirados algumas vezes até que as braquiárias deixem de brotar”, conta Teixeira. Até o final de 2024, a meta do projeto “Olha o Clima, Litoral!” é restaurar 6 ha de manguezais e brejos salinos da baía de Antonina.
Assista à websérie aqui: