Sustentáveis e naturais, algas podem vir a substituir o plástico nas embalagens

As algas possuem este potencial devido à substância agar, um polissacarídeo presente em sua composição
O consumo de plástico, principalmente pelos países desenvolvidos, é em grande parte responsável pela poluição dos oceanos e morte de diversas espécies de animais mundo afora. O descarte indevido de produtos de plástico, a falta de políticas públicas a nível nacional e internacional de redução e reciclagem dos resíduos e o consumo massivo, acompanhado de pouca conscientização sobre as consequências que o material, traz para o meio ambiente alguns dos problemas a serem enfrentados com urgência, caso queiramos um mundo melhor.
O plástico, produto de um resíduo do petróleo, foi descoberto no início do século XX e logo se tornou revolucionário. Décadas depois, o boom dos produtos plásticos em forma de eletrodomésticos, acessórios e utensílios diversos tornou o material presente em praticamente tudo no dia a dia das pessoas. De extrema versatilidade e baixo custo, suas aplicações são inúmeras, o que dificulta muito uma substituição à altura.
Uma das soluções para o impasse do uso plástico, no entanto, consiste em encontrar este substituto. Para tanto, este deve possuir características parecidas com as encontradas no material, como a maleabilidade. Outra dificuldade está posta em termos de produção em massa. Hoje, o mundo produz 460 milhões de toneladas, o dobro do que era produzido há 20 anos. Enquanto não se alcança tecnologicamente um material que possa ser produzido em larga escala, dificilmente o plástico sairá de cena.
Portanto, pesquisadores baseiam-se em algo abundante na natureza que tenha as mesmas características do plástico, mas que ao mesmo tempo seja biodegradável ou que cause o menor impacto ambiental possível. Uma das novidades nesse cenário passa pelas plantas, e, ultimamente, tentativas avançadas apontam as algas como possível candidata a vir a substituir de vez o plástico.
A chilena Margarita Talep é uma designer que, em 2019, investiu dinheiro e pesquisa para fabricar embalagens a partir de algas. Sua iniciativa partiu da indignação com o fato de usarmos embalagens feitas de um material praticamente indestrutível, já que o plástico pode existir por mais de 600 anos na natureza, apenas uma vez, como no caso das embalagens de comida.
Retirando das algas o agar, um polissacarídeo que tem consistência gelatinosa, e com a adição de corantes naturais e água, Margarita foi capaz de criar algo como um plástico natural que se decompõe na natureza em poucos meses. Para moldá-lo como deseja, a designer ferve o composto, despeja-o em um molde e deixa esfriar. Com uma fonte de calor que faz as vezes de uma cola, é possível fazer embalagens para praticamente qualquer produto, embora a chilena tenha dado preferência para comidas secas.
Outras iniciativas pelo mundo também têm obtido resultados expressivos no uso de algas. A startup londrina Notpla (nome vem de “not plastic” ou “não é plástico”) possui uma linha de produtos feitos de alga e conta com investimentos milionários. A opção também é por uma linha de produtos que possam condicionar comida, mas também água e sachês de alimentos, como os de ketchup. Além disso, que possam ser comestíveis. Afinal, as algas são tidas como alimento, principalmente nos países asiáticos.
Movimentos como proibição de uso de canudos e sacolas, por exemplo, são iniciativas que tendem a minimizar os plásticos de uso único. As algas oferecem uma alternativa viável e sustentável para o desafio de embalar produtos, principalmente os comestíveis. Além de um ótimo alimento, ricas em vitaminas, flavonoides e ômega 3, responsáveis por uma boa saúde, prometem ir além do bem que fazem para as pessoas e do impacto positivo para a medicina e demonstram um potencial gigantesco para ditar um novo rumo para a sustentabilidade mundial.