A vida financeira pessoal reflete diretamente nas finanças da empresa como um espelho. Se não há uma relação saudável com o dinheiro, a área financeira do negócio terá problemas. Este foi o principal recado das empreendedoras e fundadoras da startup Sã! Consciência Financeira, Amanda Parlamento e Goldie Aragão, durante o Fórum Thinking Green.
Segundo as especialistas, a falta de educação financeira é o principal motivo que levam os brasileiros a ter uma péssima relação com o seu orçamento.
“Nós não falamos de dinheiro com os nossos pais e os nossos amigos. É muito difícil uma pessoa falar eu custo isso para viver, meu salário é esse e esse é o dinheiro que eu invisto. A gente não tem essa cultura e o que a gente faz na nossa vida pessoal, a gente transfere para o negócio”, explica Aragão.
O primeiro passo antes de pedir financiamento para a sua empresa é se perguntar “por que eu quero esse dinheiro?”. “Muitas vezes a pessoa não sabe a resposta e essa é a primeira pergunta que um investidor vai fazer. Ele tá olhando para o retorno e procurando novas opções de investimento”, disse Goldie.
Onde colocar o dinheiro para render mais? Há três formas de investir o dinheiro, segundo as empreendedoras: emprestar dinheiro para banco ou o governo, receber renda de imóveis ou outros bens, e investir em negócios.
“O primeiro caminho do investidor é procurar a bolsa, só que o dinheiro dele não vai fazer tanta diferença ou ter um impacto significativo em grandes empresas, como em um negócio menor. E também várias empresas que estão na bolsa não se preocupam com a sustentabilidade e com o meio ambiente. O investidor está buscando isso também”, ressaltou Amanda.
Onde encontrar um investidor? Em fundos de impacto. Eles colocam o dinheiro em instituições sociais, em questões de educação, em práticas sustentáveis, os fundos têm o propósito de buscar isso, apesar de ser um segmento que ainda está crescendo no Brasil.
Onde buscar recurso? De acordo com Aragão e Parlamento, os empreendedores podem buscar recursos em fintechs (que buscam recursos de maneira descomplicada, ágil e digital), investidor anjo (pessoas que tem dinheiro e buscam negócios diferentes para investir), aceleradoras (empresas que ajudam a, além de ajudar com recursos, promover o negócio) e fundos de impacto.
“Para os produtores agrícolas, não podemos deixar de olhar para os recursos públicos, como o Pronaf, e fundos estatais, em que as taxas de juros são de 2 a 3% por ano, que é muito baixa. Do ponto de vista do produtor do negócio, ele também tem que buscar recursos que caiba dentro da empresa dele”.
O que o investidor precisa saber? Qual o seu faturamento, qual vai ser o custo, quando e quanto vai ser o retorno e como esse dinheiro vai ser usado.
“Se você vai comprar uma máquina, você precisa saber no que essa máquina vai melhorar. É o seu produto? Vai fazer benfeitorias na sua comunidade? O que isso vai impactar para você? Em quanto tempo? E o quanto isso vai gerar de retorno?”.
Como se preparar para ter uma conversa com o investidor? As empreendedoras apontam que o primeiro passo é saber qual o propósito do negócio. “Você tem que acreditar muito em você e no que você está vendendo [para o investidor]. O propósito é o coração, então se você sabe tudo sobre o seu negócio e onde quer chegar, sabe porque aquilo é importante para a sociedade, é o passo mais importante para o investidor gostar e querer investir”.
O segundo passo é ter um plano de negócios estruturado para os recursos. “O investidor tem que estar ciente do que vai ser feito com o dinheiro dele, ele precisa saber o que está acontecendo e vai te questionar. É importante saber se você quer aumentar a sua produção, ou a qualidade de vida dos seus funcionários, se você quer distribuir mais os seus produtos, por exemplo”.
Outros dois fatores importantes são a rentabilidade do negócio e ter a empresa na mão.
“Tem muitas pessoas que têm uma expertise muito forte, mas não consegue fazer o planejamento a ponto de falar todos os números para o investidor e cada vez mais, você precisa estar munido disso, porque os investidores estão aí e você deve estar preparado para falar: ‘você deve investir no meu negócio por isso’”, pontuou Goldie.
