Você sabe o que é blockchain? Apesar de hoje o seu uso estar associado aos bitcoins, o blockchain é uma rede formada por blocos muito seguros e que sempre carregam muito conteúdo junto a uma “impressão digital”, que nunca poderá ser apagada depois de criada.
No agronegócio, essa tecnologia está sendo usada no processo de rastreabilidade, logística e gestão de produtos por conectar todos os elos da cadeia de produção.
Conversamos com Eduardo Figueiredo, CEO e fundador da SBR PRIME Inspection, sobre o uso de blockchain no agronegócio:
ONB: Como surgiu a ideia de criar a SBR?
Eduardo: A ideia surgiu da demanda por informações detalhadas sobre os alimentos, origem, procedência do processo produtivo de grãos, commodities agrícolas, carnes vermelhas e brancas, onde não se tem a completa informação passo-a-passo da cadeia produtiva de alimentos. Enxergamos um ponto comum: demanda por informações e erradicação de fraudes causados pelo apontamento e classificação manual. Criamos todo o processo sistematizado com as informações registradas digitalmente em plataforma com tecnologia blockchain onde somos cases globais de plataforma global.
ONB: A SBR começou como um sistema de balanças e, recentemente, lançou um sistema de rastreabilidade com gestão e logística, se tornando uma plataforma pioneira em tecnologia blockchain. Como aconteceu essa transição no negócio?
Eduardo: A SBR partiu do princípio de controlar tudo o que entra e sai de uma balança rodoviária como forma de controle de estoque, como por exemplo, por tipo de qualidade integrando via IoT [Internet das Coisas] os equipamentos que dão valor da commodity agrícola, ou seja, pesagem e classificação de grãos extrínseca via medidores de umidade e balança de precisão.
Posteriormente, enxergamos a demanda por mais automação, segurança e credibilidade das informações na classificação, onde retiramos “a mão humana” do cálculo dos resultados e através da tecnologia blockchain, criamos a certificação digital que registra as informações em uma base de dados digital e descentraliza e compartilha o registro da transação da atividade de classificação de alimentos com os protagonistas da cadeia e as movimentações logísticas de tais tipos de alimentos, desde o produtor rural, para silos e armazéns, para indústria alimentícia, indústria de ração animal para mercado interno e para terminais modais rodo-ferroviário, rodo-fluvial e até o marítimo no porto para fins de mercado externo.
ONB: Quais os serviços oferecidos pela SBR?
Eduardo: A riqueza da solução trata-se das diversas as formas de empregabilidade da plataforma SBR com tecnologia blockchain sendo: uso para classificação de grãos FOB de Fazenda, uso para Classificação de grãos CIF de unidades de armazenamento, uso para Rastreabilidade, certificação e selo de qualidade para de sementes de grãos, uso para Rastreabilidade, certificação e Selos de qualidade de sementes de pastagens, uso para Rastreabilidade, certificação e selos de qualidade para mercado de nicho, como os alimentos orgânicos – hortifruti, mel, derivados de lácteos, sucos, por exemplo, e qualquer tipo de ativo transacionado, uso para rastreabilidade e registro digital de contratos no agronegócios, segurança e registro imutável de operações financeiras de crédito no Agronegócio.
ONB: Como funciona o sistema de rastreabilidade?
Eduardo: Funciona no monitoramento. Segue os princípios de auditoria no início ao fim de cada uma das etapas que envolvem atividades, processos e sistema caracterizando uma política de processos da cadeia produtiva do ativo rastreado em plataforma sistêmica onde funcionam como repositório de dados capturados nas propriedades rurais produtoras de alimentos e elaboração de laudos de visitas técnicas por agrônomos e técnicos agrícolas junto as propriedades relacionadas para o programa de rastreabilidade e claro produtores mobilizados.
ONB: Nós estamos vendo grandes empresas, como a Microsoft, investindo em blockchain. No agronegócio brasileiro é um caminho sem volta?
Eduardo: Sim, a Microsoft é uma delas onde todas as gigantes estão investindo como Oracle, Amazon, Google a IBM um pouco a frente com mais cases de sucesso global. Entendemos que é um caminho sem volta no agronegócio, grande protagonista do PIB brasileiro e que começa a demandar inúmeros projetos.
ONB: Quais ainda são os desafios para a implementação da rastreabilidade no Brasil?
Eduardo: O maior desafio é maturidade de entendimento de que quem usa blockchain ganha valor agregado de produto no mercado e claro ser inovador e pioneiro no que faz!
ONB: Os produtores estão preparados para aderir a essa tecnologia?
Eduardo: os produtores aderem ao Blockchain porque a inovação com a plataforma SBR gera a certificação da linha de portfólio de seus produtos e os tornam produtos gourmet com qualidade assegurada. E ainda a inovação proporciona a redução de desperdício de alimentos porque a estatística atual mostra que 1/3 do volume total de alimentos se perdem antes de chegar na gôndola de supermercado segundo a FAO das Nações Unidas.
ONB: Quem e como pode ter acesso ao trabalho da SBR?
Eduardo: Todos sem exceção podem ter acesso, a plataforma é democrática, acessível, configurável e certificada. O acesso pode ocorrer desde programas de Associativismos de produtores de agricultura familiar para culturas de pequenas extensões de área, por produtores de culturas de grãos(soja, milho, trigo, café dentre outros), por cooperativas, por cerealistas, por indústria de alimentos, por indústria de nutrição animal, por tradings, por bancos, por seguradoras, por laboratórios de análises de alimentos, por agências de riscos, por embarcadores, por transportadoras dentre outros.