Representantes de povos indígenas, quilombolas, pescadores, camponeses junto com cientistas do clima, biólogos, antropólogos e sociólogos escreveram uma carta em defesa da Amazônia, que será lida em Glasgow (Escócia), durante evento paralelo à Conferência sobre o Clima (COP 26). O documento foi preparado após reunião em Belém do Pará para discutir a Amazônia e mudanças climáticas no Encontro dos Saberes, promovido pelo Fórum Social Pan Amazônico.
O Greenpeace, integrante do grupo Carta de Belém, assinou o manifesto com mais 30 Organizações da sociedade civil brasileira criticando falsas soluções climáticas e ressaltando para mudanças sistêmicas em nossas economias para impedir que o aquecimento global ultrapasse 1.5ºC. Qualquer tipo de compensação de gases de efeito estufa, como o mercado de carbono, serve como uma licença para que grandes empresas continuem poluindo.
No próximo domingo, começa em Glasgow a 26ª Conferência das Partes da ONU. O Greenpeace avisa: “Estaremos de olho nas negociações em torno do Artigo 6, no financiamento adequado para países em situação de vulnerabilidade e na eliminação gradativa do uso de combustíveis fósseis. É esperado que haja avanço na finalização do Livro de Regras e que os países avancem na aprovação de mecanismos de financiamento climático. Para nós, o mercado de carbono não é uma solução para a crise do clima e deve ser deixado de fora dos mecanismos de financiamento”.
O Greenpeace mantém as críticas ao governo federal. “O governo Bolsonaro chega à COP 26 sem ter cumprido a agenda climática dentro do território nacional, num momento em que o Congresso Nacional tramita projetos de lei que incentivam a grilagem e flexibilizam o licenciamento ambiental. As taxas de desmatamento crescem exponencialmente desde 2019 e as contribuições nacionais brasileiras são pouco expressivas, sem qualquer política pública clara de alcance de metas. “Bolsonaro negligencia a gravidade da crise climática e apresenta falsas soluções baseadas em mecanismos de financiamento internacional privado e de mercado em território nacional por meio de créditos de carbono que não diminuem as emissões de gases de efeito estufa do país, e sim, criam compensações, onde quem tem dinheiro paga para poluir, em um país que já premia a degradação ambiental”, declara Fabiana Alves, Coordenadora de Clima e Justiça do Greenpeace Brasil.
“Estamos vivendo a última janela de oportunidades para a tomada de ação em direção a uma mudança urgente e necessária para conter as mudanças climáticas, conforme alertado pelo último relatório do IPCC, e diante da pandemia de Covid-19, a COP 26 também é uma oportunidade única para a reconstrução de uma economia global mais forte, justa e sustentável. Os líderes precisam ir além dos compromissos já assumidos e respaldar suas promessas em planos, políticas e investimentos nacionais concretos.”