Balanço do dia que não termina em Mariana-MG

Imagens do G1 mostram região de Bento Rodrigues antes (esq.) e depois do rompimento das barragens da Samarco (Foto: Felipe Dana/AP; Reprodução/Google Earth)

A sexta-feira foi de muita apreensão e procura de explicações para justificar o rompimento de duas barragens de rejeitos da mineradora Samarco. O acidente foi ontem, quinta (5), por volta das 16h após dois abalos sísmicos, considerados fracos e normais na região. Primeiro foi a barragem do Fundão e depois a barragem de Santarém.

No dia repleto de entrevistas coletivas, o resumo das declarações mostram que há muito trabalho pela frente no já considerado pior acidente do estado de Minas Gerais.

Balanço

– 1 morto, 13 funcionários da Samarco estão desaparecidos (trabalhavam no Fundão), 500 foram resgatados, centenas estão no abrigo do ginásio de Mariana

– a Samarco afirmou em nota que 253 pessoas, de 70 famílias, foram alocadas pela empresa em hotéis e pousadas da região. Ao todo, ainda de acordo com a nota, 600 kits de emergência, com colchões, lençóis e toalhas, 3.800 lanches e refeições e 10 mil garrafas de água já foram distribuídos.

– As barragens de Fundão e Santarém, da mineradora Samarco, liberaram, ao todo, 62 milhões de metros cúbicos de água e rejeitos de mineração no rompimento desta quinta-feira. A de Santarém estava no limite da sua capacidade, 7 milhões de metros cúbicos. A de Fundão estava com 55 milhões de metros cúbicos dos 60 milhões de metros cúbicos da capacidade total.

Samarco

Presidente fez comentário pelas mídias sociais e afirmou, em entrevista coletiva, que empresa vai arcar com todas as despesas dos desabrigados. http://g1.globo.com/minas-gerais/ao-vivo/2015/barragem-se-rompe-em-mariana.html#/glb-feed-post/563d01bac22d6242958acc77

O engenheiro civil Germano Silva Lopes, da Samarco, confirmou durante a entrevista coletiva que, no momento do rompimento, a barragem de Fundão passava por uma obra de alteamento, que é a subida da barragem. Apesar da obra, o engenheiro disse que não é possível afirmar a causa do rompimento.

A empresa se comprometeu a arcar com as despesas dos desabrigados.

A Samarco possui licença de operação com validade até 29 de outubro de 2019

A Vale informou, por meio de nota, que “lamenta profundamente” o acidente, e “solidariza-se com os empregados, suas famílias e as comunidades atingidas”. A Samarco é uma joint venture da Vale com uma afiliada da australiana BHP Billiton.

 

Danos Ambientais

– Apesar da classificação no mais alto risco de dano ambiental, o empreendimento teve a condição de estabilidade assegurada por auditor da Feam.

– Em 12 horas, a enchente de lama lançada na barragem do Fundão, em Mariana, na região central de Minas, percorreu quase 100 km e atingiu o município de Rio Doce. Ao alagar uma fazenda e provocar a morte de milhares de peixes, a lama tóxica atingiu o rio Carmo, no encontro com o rio Piranga – ponto de formação do rio Doce, um dos mais importantes de Minas

– O desastre ecológico é ainda incalculável. Milhares de peixes mortos, quilômetros de matas ciliares destruídos, lama fétida e outras tantas toneladas de madeira boiando entre os pilares

– Segundo alerta do CPRM (Serviço Geológico do Brasil), os rejeitos devem atingir 12 cidades de Minas e três do Espírito Santo até terça-feira (10): Ponte Nova, Nova Era, Antônio Dias, Coronel Fabriciano, Timóteo, Ipatinga, Governador Valadares, Tumiritinga, Resplendor, Galiléia, Conselheiro Pena e Aimorés, em Minas; e Baixo Guandu, Colatina e Linhares, no Espírito Santo.

– O especialista em análise de risco e analista ambiental do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis Ibama em Minas Gerais, André Naime, disse que ainda é cedo para estimar o impacto ambiental do desastre na região, pois até o momento não se tem o conhecimento preciso da composição química do rejeito.

– O vazamento acarretou soterramento de vegetação, áreas de mananciais e carreamento de sedimentos e assoreamento de corpos hídricos, além dos prejuízos às populações afetadas, impactos evidentes até mesmo pelas imagens

– possíveis impactos nos lençóis freáticos da região, de onde é retirada água para abastecimento da população de Belo Horizonte, só caso exista algum contaminante solúvel ou solubilizados a água no rejeito é possível haver a contaminação dos lençóis.

Administração Pública

– O prefeito de Mariana, Duarte Júnior, disse em entrevista coletiva que são cinco distritos foram atingidos: Águas Claras, Ponte do Grama, Bento Rodrigues, Paracatu, Pedras. A cidade de Barra Longa, a 70 quilômetros de Bento Rodrigues, também foi atingida pela lama. Hospital de campanha foi  improvisado para receber quem teve contato com a lama.

– O governador de MG, Fernando Pimentel, sobrevoou a região, esteve com os desabrigados e reconheceu o estado de emergência decretado pela prefeitura de Mariana

– Dilma Rousseff convocou uma reunião com ministros no Palácio da Alvorada para discutir, entre outros temas, o posicionamento do governo diante da tragédia em Mariana. Ela determinou que sejam apuradas “com rigor” as causas do rompimento de duas barragens em Bento Rodrigues, no distrito de Mariana (MG), e as responsabilidades pelo incidente.

Promotoria de Justiça

– O promotor de Justiça e coordenador do Núcleo de Combate a Crimes Ambientais do Ministério Público Estadual, Carlos Eduardo Ferreira Pinto, disse em entrevista coletiva em Belo Horizonte que o MP trabalha com a hipótese de descumprimento de norma técnica como causa do rompimento das barragens. ‘É o pior dano ambiental do estado de que se tem notícia’, caracterizou.

– Ministério Público vai pedir a suspensão da licença da Samarco na segunda-feira, dentro do inquérito civil, recomendando à Secretaria de Estado que suspenda a licença do empreendimento como um todo até que se apure a regularidade e garanta a segurança das comunidades. O Núcleo de Combate a Crimes Ambientais e do Núcleo de Resolução de Conflitos Ambientais do MP, quer saber se houve descumprimento de normas técnicas de segurança durante as obras de expansão da barragem Fundão, a primeira a se romper.

Patrimônio Cultural

– O promotor de patrimônio cultural, Marcos Paulo de Souza, disse que os danos do rompimento são ‘incalculáveis’ porque o distrito de Bento Rodrigues é um dos mais antigos do estado. Ele explicou que no local existem imóveis dos séculos XVII e XVIII.

Repercussão Internacional

CNN – http://cnnespanol.cnn.com/2015/11/05/colapso-de-represo-en-el-sureste-de-brasil-deja-un-muerto-y-cuatro-heridos/#0

El País –

http://internacional.elpais.com/internacional/2015/11/05/actualidad/1446760230_611130.html

The Guardian – http://www.theguardian.com/world/2015/nov/05/brazil-iron-mine-dam-bursts-floods-nearby-homes

The New Yorlk Times –

http://www.nytimes.com/2015/11/06/world/americas/authorities-assess-toll-of-burst-dam-in-brazil.html?ref=world&_r=0

Le Monde – http://www.lemonde.fr/ameriques/video/2015/11/06/bresil-un-village-englouti-par-des-boues-toxiques_4804707_3222.html

Deutsche Welle (DW) – http://www.dw.com/pt/as-poss%C3%ADveis-causas-do-desastre-em-minas-gerais/a-18833489