Pesquisadores encontraram resíduos de agrotóxicos em 40 fazendas na Suíça, que fizeram a transição para a produção orgânica há mais de 20 anos.
O estudo, publicado pela American Chemical Society (ACS) ‘ Environmental Science & Technology, analisou 100 campos sob manejo orgânico e convencional com um método analítico contendo 46 agrotóxicos.
“Testar isso é de grande importância, pois resíduos de pesticidas de manejo agrícola anterior ou contaminação de campos convencionais podem afetar especialmente a agricultura orgânica”, disseram os autores. “A agricultura orgânica depende mais de solos saudáveis que são capazes de sustentar os serviços do ecossistema do que sistemas sob diferentes práticas de manejo, como o manejo convencional onde insumos externos (por exemplo, pesticidas sintéticos e fertilizantes) são permitidos”.
De acordo com a pesquisa, mesmo após 20 anos de agricultura orgânica, 16 agrotóxicos diferentes foram encontrados na superfície do solo das propriedades. A presença destes produtos químicos diminui significativamente nos campos com o tempo e a continuação do manejo orgânico.
Para os pesquisadores, a presença de agrotóxicos é uma realidade oculta em solos agrícolas e tem efeitos prejudiciais. A equipe observou que quanto maior o número de pesticidas nos campos, menor a biomassa microbiana e, principalmente, a abundância de fungos micorrízicos arbusculares, um grupo de fungos benéficos ao solo.
“Isso indica que os resíduos de pesticidas, além de fatores abióticos como o pH, são um fator chave na determinação da vida microbiana do solo em agroecossistemas”, dizem no texto.
Apesar da descoberta, os pesquisadores não descartam a possibilidade de que alguns dos pesticidas encontrados podem ter contaminado os campos orgânicos ao viajar pelo ar, água ou solo de campos convencionais próximos.
O próximo passo dos autores é examinar os efeitos sinérgicos de resíduos de pesticidas e outros estressores ambientais na saúde do solo.